Levantemos Bem Alto a Tocha da Revolução na Pátria

Kim Il Sung

20 de maio de 1939


Origem: discurso proferido na Conferência de Comandantes do Exército Popular Revolucionário da Coreia, realizada no Monte Pegae, no condado de Musan.

Fonte: Works, vol. 1, junho de 1930 – dezembro de 1945, Foreign Languages Publishing House, Pyongyang, Coreia, 1980, p. 180-184.

Tradução: João Victor Bastos Batalha.

HTML: Lucas Schweppenstette.

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Camaradas:

Em conformidade com as diretrizes estabelecidas na Conferência de Comandantes do Exército Popular Revolucionário da Coreia(1), realizada em Beidadingzi, avançamos novamente em direção à pátria, determinados a desferir golpes sucessivos contra os agressores imperialistas japoneses e a incutir confiança na vitória da revolução entre o povo da pátria.

Qual é, de fato, a situação da pátria, tal como a estamos testemunhando?

Logo no primeiro dia em que cruzamos o rio Amnok e adentramos a pátria, constatamos, pelas condições de vida dos trabalhadores da Companhia Madeireira de Rimyongsu, que nosso país está imerso em uma situação deplorável, marcada pela mais feroz pilhagem e por uma repressão sem precedentes imposta pelos imperialistas japoneses. Enfurecido por sua ambição de estender a guerra de agressão à China continental, promulgaram a “Lei de Mobilização Nacional”(2), por meio da qual saqueiam todas as riquezas da Coreia e arrastam à força jovens, homens de meia-idade e outros habitantes para a construção de ferrovias, estradas, aeródromos e outras instalações militares, além de enviá-los aos campos de batalha em sua campanha de agressão. Desmantelaram as organizações de base da Associação para a Restauração da Pátria(3), ativas em nossa terra natal, e continuam a prender, encarcerar e assassinar inúmeros comunistas e patriotas coreanos. Ao criarem organizações reacionárias submissas, como a Sociedade Anticomunista Coreana, empenham-se desesperadamente em sufocar o espírito de independência nacional e a consciência de classe do povo coreano. Mais grave ainda, o inimigo dedicou-se a espalhar o boato de que todos os combatentes do EPRC “pereceram congelados nas montanhas”. Assim, buscam destruir até mesmo a esperança do povo na restauração da pátria. Como resultado, nossa terra está tomada pelo ressentimento e, para muitos de nossos compatriotas, o cotidiano é marcado pelo desespero e pela falta de confiança na libertação nacional.

A realidade que prevalece na pátria exige, portanto, que inspiremos o povo com uma firme fé na vitória da revolução e o encorajemos a se engajar na luta antijaponesa.

Diante dessa conjuntura, nós, que avançamos rumo à pátria, enfrentaremos tarefas realmente árduas. Devemos desferir golpes contundentes contra os imperialistas japoneses e exercer uma profunda influência revolucionária sobre o povo, conduzindo intensas atividades militares e políticas.

Basta que o povo na pátria veja o nosso EPRC são e salvo para que recupere sua força, coragem e confiança. Assim, ao realizarmos ações militares e políticas, demonstrando o poder do EPRC, seremos capazes de exercer uma profunda influência revolucionária sobre o povo.

Precisamos intensificar tais ações na área de Musan.

Devemos nos mover em direção ao Monte Roun para aniquilar as forças inimigas entrincheiradas nas madeireiras dos imperialistas japoneses, situadas ao redor de Sinsadong, Singaechok e Tujibawi, bem como aquelas localizadas em Nongsadong, Hongam, Samsuphyong e Yugok. Em seguida, é imperativo realizar um trabalho político vigoroso entre as massas populares, mobilizando-as para a sagrada luta antijaponesa.

Para desferir golpes militares decisivos contra o imperialismo japonês, devemos avançar rapidamente em direção ao Monte Roun, aproveitando a fragilidade do inimigo.

O inimigo, profundamente desnorteado pela notícia inesperada de que uma grande unidade do EPRC cruzou novamente a fronteira, está tentando desesperadamente impedir nossas atividades militares e políticas. Conforme as informações sobre os movimentos do inimigo, este mobilizou todas as unidades da guarda de fronteira e da polícia nas áreas fronteiriças das províncias de Hamgyong do Norte e do Sul, além de intensificar a vigilância nos cursos superiores dos rios Amnok e Tuman, no centro dos quais está o Monte Paektu. Na área de Ershisidaogou, no distrito de Changbai, o inimigo também planeja nos cercar com um grande número de tropas, incluindo a unidade Onishi de Guangdong(4) e a unidade Zhang Zhao do exército fantoche de Manchukuo(5). Concomitantemente, acreditando que nossas unidades passariam pela cordilheira Machonryong em direção ao sudeste do Monte Paektu, tentaram bloquear nosso avanço no Monte Phothae. Assim, o inimigo, que avançou a partir de Hyesan, encontra-se entrincheirado nesta área, enquanto na estrada Hyesan-Phothae há um fluxo constante de unidades inimigas marchando em direção ao norte.

Todo esse movimento indica claramente que o inimigo, supondo que nos deslocaríamos ao longo das cristas montanhosas, está concentrando suas forças nessas áreas, com ênfase particular na região sudeste do Monte Paektu. Ao direcionar seus esforços para a região montanhosa ao redor do Monte Phothae, negligenciam as estradas. Esse é um de seus pontos fracos.

Outra fraqueza do inimigo é sua preocupação excessiva com a noite em detrimento do dia. Estão focados em reforçar a vigilância noturna, prevendo que agiremos sob a escuridão para garantir furtividade e surpresa nas operações de combate.

Levando isso em consideração, devemos evitar as montanhas íngremes e optar pela recém-construída estrada Kapsan-Musan, destinada à guarda da fronteira. Em vez de marcharmos à noite, avançaremos durante o dia, conduzindo nossas ações militares com ousadia.

Devemos sempre saber como ajustar nossas táticas de forma flexível às circunstâncias prevalecentes. Essa capacidade é uma das fontes de nossa força e um elemento essencial para a vitória.

Enquanto o inimigo vagueia pelas montanhas, devemos avançar para o leste, percorrendo a estrada de vigilância fronteiriça e cobrindo mil ris em um único movimento. Essa estratégia não apenas demonstrará ao inimigo que sua busca pelo EPRC é inútil, mas também os imobilizará de temor diante da iminência de um ataque surpresa advindo de um ponto inesperado.

Aplicar a tática de marchar mil* ris *em um único movimento vai além de simplesmente percorrer o trajeto. É essencial colocar o inimigo em uma posição passiva, utilizando táticas móveis e versáteis de forma hábil, como demonstrado em nosso deslocamento de Chongbong para Kochang. Essas táticas incluem artifícios como simular um afastamento para enganar o inimigo e passar despercebidos, ou marchar em uma imponente formação de grandes unidades para, repentinamente, nos reorganizarmos em pequenos grupos dispersos.

A destreza e a agilidade são vitais para qualquer operação militar, mas adquirem importância ainda maior nas realizadas em território nacional. Por isso, é imperativo manter um ritmo acelerado durante a marcha, avaliando com rapidez e precisão as novas situações que surgem, além de reagir com a agilidade e coragem necessárias. Nos confrontos com o inimigo, previsíveis durante a marcha, devemos posicionar nossas unidades de combate com audácia, a fim de puni-lo severamente.

Da mesma maneira como um lutador habilidoso derrota seu oponente ao atacá-lo primeiro e explora com maestria seu ponto fraco, devemos nos deslocar para um local inesperado e lançar nosso ataque ao flanco mais vulnerável do inimigo.

Assim como nossos corações se enchem de profunda emoção ao adentrarmos nossa pátria, os corações do povo se agitarão infinitamente ao presenciar nossa digna aparição. Plenamente cientes da missão que nos cabe como exército político, além de liderarmos intrépidas operações militares, realizaremos, simultaneamente, um trabalho político intenso junto ao povo.

Devemos promover junto a este o Programa de Dez Pontos da Associação para a Restauração da Pátria(6), revelando a falsidade da propaganda imperialista japonesa e o conscientizando sobre a vulnerabilidade do inimigo e a inevitabilidade de sua queda, bem como sobre o triunfo incontestável da revolução e os meios de luta necessários. Assim, conseguiremos que o povo, inspirado pela esperança na restauração da pátria, se levante na luta antijaponesa e preste um apoio ativo ao nosso EPRC.

Sinsadong e outras localidades do subcondado de Samjang abrigam uma população majoritariamente composta por lenhadores e camponeses de corte e queima, profundamente inspirados pelas audazes atividades militares e políticas conduzidas pelo nosso EPRC nas áreas de fronteira. Como resultado, o espírito revolucionário de seus habitantes permaneceu elevado por muito tempo. Atualmente, contudo, encontra-se reprimido pelas crescentes medidas opressivas do inimigo. No entanto, se conseguirmos derrotar o inimigo e intensificar nosso trabalho político, se erguerão novamente na luta antijaponesa.

Amanhã partiremos daqui para iniciar uma marcha de mais de 100 ris até Mupho. Cerca de 20 ou 30 ris adiante, no sopé do Monte Pegae, onde estamos acampados, encontra-se o pitoresco Lago Samji. A partir desse ponto, seguiremos sem interrupções até Mupho, utilizando a estrada Kapsan-Musan, projetada para a vigilância de fronteira.

Para assegurar o sucesso desse movimento, é indispensável que todos os soldados compreendam plenamente o propósito e o significado dessa marcha, preparando-se de forma adequada. Ao mesmo tempo, todas os destacamentos devem observar rigorosamente a disciplina e manter a vigilância revolucionária em alerta, identificando e neutralizando prontamente quaisquer manobras insidiosas do inimigo.

Empreenderemos a expedição ao leste com a rapidez de quem avança mil ris em um único passo. Por isso, é apropriado que a senha de amanhã seja “Expedição ao Leste”.

Tenho plena convicção de que todos os nossos comandantes e soldados, que empreenderam este avanço rumo à pátria com ardente patriotismo e fervoroso entusiasmo militante, saberão cumprir com excelência as tarefas que lhes foram confiadas, contribuindo de forma significativa para o êxito do objetivo de nossa marcha.